imprimir

A apostila está em formato .PDF Adobe Acrobat Reader®, caso não tenha este visualizador, poderá baixa-lo agora.
Clique no ícone abaixo.


OS INIMIGOS DO OBESO

Depois de descobrir que a obesidade é uma doença crônica, é importante saber, também, que quando alguém se propõe lutar contra este mal, estará enfrentando não somente uma doença mas, também, um preconceito.

Como a própria palavra diz, “preconceito” é uma opinião formada a respeito de um determinado assunto, sem ter em mão todas as informações sobre ele.

Uma boa parcela da população tem o costume de formar seus conceitos com base nas suas próprias realidades. No entanto, quando se trata do organismo humano as diferenças entre os indivíduos são bem maiores. Além disso, existe o fato de que algumas pessoas apresentam certas disfunções, enquanto que outras, não.

No caso da obesidade, as idéias preconcebidas são acompanhadas de inúmeros equívocos, pois, sendo um organismo diferente do outro, algumas pessoas consomem menos calorias que outras, fazendo com que haja alguns que comem mais que o obeso e, no entanto, permanecem magros.

Portanto, para aqueles que não são vítimas da obesidade torna-se muito difícil avaliar este tipo de situação e, mais ainda, de emitir conceitos corretos sobre esta questão. A experiência destes é obtida a partir da observação do seu próprio corpo, cujo funcionamento é totalmente diferente do organismo dos obesos.

Quando estas pessoas exagerarem na alimentação é muito fácil para elas obter o emagrecimento de que necessitam, com apenas dois dias de dieta leve. Elas não sabem, contudo, que muitos obesos em situações semelhantes, podem ficar, até mesmo uma semana quase sem comer, e mesmo assim aumentarem de peso.

Por desconhecerem este fato alguns deles julgam os portadores deste distúrbio tomando como base o funcionamento dos seus próprios corpos, que, evidentemente, não padecem deste problema. Passam a reivindicar, então, que quando uma pessoa engorda é porque comeu muito, ou tem estado demasiadamente “inerte”, o que, geralmente, não é verdadeiro.

Estes preconceitos, além de incidirem sobre a doença, recaem, também, sobre o indivíduo obeso, que passa a ser visto como alguém que deveria “ter vergonha na cara”, “fechar a boca”, “deixar a preguiça”, “fazer uma caminhada”, etc...

Não resta dúvida que dieta e exercícios aeróbicos auxiliam no emagrecimento. Contudo, enganam-se aqueles que, precipitadamente, pensam que todos os obesos comem muito e não fazem exercícios. Na verdade, grande parte deles lança mão de todos os métodos possíveis para emagrecer, sem, contudo, conseguir reduzir sequer uma grama. Isso ocorre porque seus organismos não queimam calorias de forma adequada e, por isso, armazenam exageradamente a energia dos alimentos.

Como um automóvel extremamente econômico, que, mesmo percorrendo muitos quilômetros, não precisam ser reabastecidos, os corpos dos obesos não necessitariam receber calorias por longos períodos, se não fosse a necessidade de outros nutrientes, tais como as vitaminas e as proteínas, sem os quais não poderiam sobreviver. No entanto, para receber as proteínas e vitaminas de que necessitam, acabam adquirindo, juntamente com eles, as calorias indesejáveis, de que não necessitam, pois não sendo consumidas, estas estarão disponíveis em excesso. Ë este excedente calórico que faz com que os obesos engordem.

Desconhecendo esta situação, os preconceituosos entendem que os obesos não conseguem perder peso apenas “porque lhes falta força de vontade”... Que bastaria, tão somente uma pequena dieta e uma programação de exercícios para conseguirem emagrecer. Com base neste raciocínio equivocado, posicionam-se contra os medicamentos emagrecedores, que representam o mais eficaz instrumento de que os obesos dispõe para controlar o seu mal.

Sem perceber que muitos deles empreendem grandes esforços para reduzir a alimentação e gastar energias, e ignorando o sofrimento causado pela frustração diante desses incontáveis e infrutíferos sacrifícios, alguns dos que não têm tendência para engordar, ficam indignados com o obeso que quer ser medicado, e reagem, dizendo: “Se eu consigo emagrecer sem remédios, porque você não pode fazer o mesmo?”

Neste caso aplica-se bem o ditado popular que diz: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”...

Aceita-se que os portadores de diabetes e hipertensão usem continuamente seus remédios, sem restrições, com todo rigor e assiduidade. No entanto, apesar da obesidade ser uma enfermidade semelhante a estas, entendem que, no caso específico desta, tal sistema não deveria ser válido.

Parecem considerar os obesos como uma espécie de “raça” à parte, constituída por pessoas indolentes e gulosas, cuja “falha de caráter” se manifesta em forma de “gordura”. Discriminado-os dessa maneira, os defensores dos preconceitos acreditam que apenas lhes bastaria uma reeducação alimentar para ter seu problema equacionado, quando na verdade, trata-se de uma doença crônica como qualquer outra, que requer, portanto, tratamento contínuo e ininterrupto.

Quem esta prestes a ministrar algum tido de medicamento alopático para um diabético ou hipertenso quase nunca sente-se autorizado a recomendar a interrupção dos tratamentos para essas enfermidades, que são contínuos. Por outro lado, algumas pessoas que estão ministrando algum outro tipo de remédio para os obesos, pensam que estão lhe fazendo um grande favor, quando determinam a suspensão dos medicamentos emagrecedores, ainda que sejam compatíveis com ele.

Mas, neste caso, se o enfermo engordar, de quem será a culpa? O preconceito fará com que esta recaia sempre sobre o obeso. Não ocorre o mesmo no caso do diabetes ou hipertensão. Porque a diferença?

Depois de concebido o preconceito, seus praticantes passam a buscar subsídios que o possam sustentar. Quase todos sabem que usar remédios para emagrecer juntamente com bebidas alcoólicas, além de induzir a intenso vício, pode causar problemas mentais como depressões e psicoses. Apesar disso e das insistentes proibições médicas sobre esta prática perigosa, alguns pacientes fazem este tipo de associação, quando caberia-lhes permanecer pelo menos 36 horas sem as medicações para poder usar ainda que uma pequena quantidade de bebida alcoólica.

Quando os problemas surgem em decorrência deste tipo de abuso, os preconceituosos se esquecem deliberadamente que é a mistura com o álcool, e não os anorexígenos, a verdadeira a responsável pelos distúrbios, e, usando estes fatos lamentáveis, transformam-nos em argumentos para suas críticas ao uso dos medicamentos emagrecedores. É o mesmo que combater o uso de facas de cozinha em razão de alguém ter se cortado com uma delas, por não saber usá-las ou fazê-lo de modo irresponsável.

Quando certas pessoas, contrariando todo bom senso e todas as orientação dietéticas, permanecem longos períodos sem comer e acabam desmaiando ou apresentando quedas na pressão arterial, os que são do grupo “contra-remédio”, ao invés de condenar a desobediência às dietas prescritas, que é a verdadeira responsável pelo problema, se apressam em responsabilizar os medicamentos emagrecedores pelo ocorrido.

Portanto, quando o obeso inicia seu combate contra esta doença, deverá estar ciente que estará lutando contra outro terrível adversário, que é o preconceito. Este se encontra, muitas vezes, alojado nos lábios de seus entes mais queridos ou nas publicações mais “confiáveis”, aconselhando-o, insistentemente, a interromper a medicação, com frases de efeito, tais como: “Você não precisa disso, pois tem força de vontade, isso só vai prejudicá-lo”.

A conseqüência é que, em grande parte dos casos, o obeso consegue vencer a doença, mas acaba “nocauteado”pelo preconceito , pois, vencido pelo cansaço e pela contínua pressão, acaba cedendo e interrompe a manutenção. O resultado é que 97% das pessoas que fazem isso engordam tudo que emagreceram no máximo num prazo de 5 anos.

Este fato, causado pelo próprio preconceito, acaba se tornando um argumento a mais em favor dessas idéias preconcebidas, do qual seus partidários, prazerosamente, aproveitam dizendo: “Remédio de emagrecer não é bom porque quando se interrompe engorda-se tudo novamente”.

É claro que, quando isso acontecer, sempre será possível dizer também: “Eu falei para você interromper o remédio e não para você engordar ”.

Mas se reconhecemos que a obesidade é uma doença, devemos também aceitar que a culpada pelo aumento de peso é a própria enfermidade e não o obeso. Apesar disso, o preconceito faz com que este pesado fardo seja lançado, mais uma vez, sobre ele, fazendo com que esta opinião prevaleça, ainda que inverídica.

As informações errôneas originarias de deduções sem qualquer base científica, são ocasionalmente divulgadas até por certos setores da mídia, que se encarregam de aumentar e perpetuar o preconceito já existente. A razão desta atitude é que algumas organizações acreditam que mantendo a civilização num estado contínuo de caos, estará favorecendo a criação de uma nova ordem mundial.

Apesar de já estarmos em pleno século XXI a nova era continua trazendo suas velhas mentiras... Aqueles, porém, que se utilizam destes enganos para conseguir seus objetivos, devem estar cientes que semeando tais preconceitos estarão prejudicando, até mesmo, seus próprios amigos e parentes obesos. Estarão se aprisionando nas redes que eles mesmos aramaram. Manter a sociedade na ignorância cria sérias dificuldades para todos os que realmente precisam controlar este grave distúrbio.

Contudo, o fundamental para os obesos é saber a verdade a respeito de sua disfunção, pois entendendo seu funcionamento e manejo, poderão controlá-la de forma mais adequada e obter o domínio sobre ela, como fazem, normalmente, os diabéticos ou hipertensos.

Por outro lado, além de combatê-la, devem também estar preparados para reconhecer seu outro grande e terrível inimigo, que é o preconceito, para corajosamente enfrentá-lo, pois conhecendo a verdade, esta os libertará.